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ROXIE TIGRESA.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

SSC, RACK e PRICK

SSC, RACK e PRICK são diferentes princípio ético-pragmáticos que orientam as práticas de BDSM, sendo o mais conhecido deles o SSC.

O termo SSC surgiu pela primeira vez na década de 80 em Chicago e Nova Iorque em pequenos grupos gays de S/M que estavam envolvidos também com educação e ativismo. Os grupos estavam observando algumas situações problemáticas que aconteciam no seu meio:
“Ditos ‘dominadotress’, que se aproveitavam de frequentadores mais novos ou novos no meio para empurrá-los para atividades sem que estes estivessem conscientes ou de acordo com a atividade e riscos; em outras palavras, sem o seu consentimento. Haviam também pessoas que tinham uma boa ética e preocupação pelos outros, mas seu nível de know-how em atividades como restrição e whipping [chicotear] talvez não correspondiam ao seu entusiasmo. Ao mesmo tempo, jogos S/M [sadomasoquistas] frequentemente resultavam em respostas emocionamente complexas que eram acudidas com boa comunicação e discussão” — o original em inglês você encontra aqui.
A partir disso foi surgindo o SSC. A popularização do termo, porém, só aconteceu a partir da década de 90 e este ficou sendo a principal referência para orientar a ética da prática até hoje. Próximo à virada do século, porém, alguns autores como Laura Antoniou, Joseph W. Bean e Phil Julian e praticantes em fóruns de internet passaram a criticar o termo. Um desses críticos foi Gary Switch, que propos o termo RACK. E mais recentemente, segundo site Kinly perto de 2009, surgiu do RACK o termo PRICK.

SSC (São, Seguro e Consensual)

Safe, sane and consensual. A mais comum e conhecida no meio BDSM. Ela orienta os praticantes a planejarem e viverem suas práticas levando em conta e tendo como referência a sanidade, a segurança e a consensualidade dos participantes.
, segundo o BDSM Wiki, quer dizer que as “atividades devem acontecer num estado de espítiro são e sensível” e, segundo o site da NCSF, sabendo a diferença entre fantasia (papel) e realidade (humanidade pra além do BDSM). A prática sã é aquela que “enriquece e melhora a funcionalidade em outras áreas da vida” (NCSF). A prática que leva a mal estar emocional e causa problemas na vida da pessoa não é sã. Para isto, algumas perguntas podem ser feitas, segundo o site GoodTherapy: “as atividades que faremos irão abrir feridas emocionais? Eu confio no meu parceiro para cuidar de mim num estado de vulnerabilidade? Eu tenho controle sobre meu sadismo e eu sou capaz de balanceá-lo com amoroisdade e gentileza? Estou fazendo isso porque eu gosto ou por um sentimento de culpa ou obrigação?”.
Segura, enfatiza que medidas tem que ser tomadas para previnir riscos à saúde física. Ou seja, que or riscos devem ser compreendidos e medidas devem ser tomádas para reduzí-las ao máximo. Estudar anatomia humana básica e o impacto que pode ter o equipamento que se usa é imprescindível. Segundo o site GoodTherapy, “máscaras de privação sensorial, sondas urinárias, clamps genitais, instrumentos de suspensão e até mesmo cordas, cintos e palmatórias podem causar danos duradoros ou até mesmo se provarem fatais se os parceiros não estiverem devidamente preparados”. Cada pratica implica em um risco físico diferente.
Consensual, significa que os praticantes consentiram com a atividade e estavam num estado mental em que podiam consentir (ver Consentimento no BDSM e as condições para que ele exista). “Ao invés de nos focar em palavras e gestos respeitosos, podemos pensar em respeito como um compromisso geral para segurança e prazer mútuos”, diz o site GoodTherapy. O consentimento é dado sempre de forma específica e deve ser atualizada.

RACK (Tara/fetiche Consensual com Consciência dos Riscos)

Risk Aware Consensual Kink. Foi uma visão ética surgida a partir da seguinte crítica ao SSC: nenhuma prática é isenta de riscos. Pelas palavras do próprio criador deste paradigma, Gary Switch, “ambas as partes de uma negociação estudaram as atividades propostas, estão informados dos riscos envolvidos e concordam em como lidar com estes riscos.
Consciência dos riscos se refere ao fato de que os praticantes devem estar cientes dos riscos que a prática oferece para estarem preparados para eles. Gary Switch diz que para lidar com os riscos, os praticantes de BDSM devem fazer como os escaladores de montanha: desenvolvem estratégias, práticas e buscar conhecimento. “Queremos promover a noção que desenvolvemos expertise e que para fazer o que fazemos corretamente é necessário habilidade desenvolvida por um processo similar de instrução, treino e prática”, ele diz.

PRICK (Tara/fetiche com Consentimento Informado e Responsabilidade Pessoal)

Dentre os três paradigmas este é o mais recente e sobre o qual menos achei conteúdo escrito. Segundo o site Kinkly, esta visão foi desenvolvida como uma crítica ao RACK, pois esse não enfatiza que os praticantes têm responsabilidade pessoal em consentir com os riscos e viverem com as consequências de suas escolhas. Uma das críticas a esta visão é a de que nem sempre se pode prever todos os riscos de uma prática, em especial quando se trata de um iniciante. Outra crítica é a questão da responsabilidade do bottom e do top.

Qual eu escolho?

Independentemente de por onde você irá se orientar, esses três paradigmas éticos tem algo em comum, que é a idea de que haja consentimento. Consentimento é aquilo que diferencia sexo de estupro, BDSM de abuso físico ou emocional. Mesmo que haja discordâncias à respeito de como agir eticamente, num ponto a maioria de nós concorda: que BDSM só pode existir se houver consentimento.
AVISO: As ideias, exemplos e opinões expressas aqui não são regras e não pretendem se constituir enquanto tal. Existem pela internet materiais que expressam outras opiniões e que podem ser mais adequados à sua visão, vivência, estilo e necessidades. A autora não se responsabiliza pelo uso deste texto. Toda forma de viver o BDSM é válida desde que seja respeitada a consensualidade, sanidade e segurança dos envolvidos.
Referências